Publicado em 08/11/2018 12h07

Deputados do Nordeste se equilibram entre governadores de esquerda e Bolsonaro

Quinta, 08 de Novembro de 2018 Redação Recôncavo Agora

[Deputados do Nordeste se equilibram entre governadores de esquerda e Bolsonaro]

Eles terão que fazer uma ginástica ideológica para serem governistas tanto no campo estadual quanto no plano nacional. Deputados federais do Nordeste de partidos como PP, PR, PSD e DEM caminham para, ao mesmo tempo, apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e governadores de partidos de esquerda à frente de seus respectivos estados.

Ao todo, 7 dos 9 estados nordestinos serão geridos por legendas de esquerda a partir do próximo ano -serão quatro governadores do PT, dois do PSB e um do PC do B.

Na Bahia, PP e PR, que fazem parte da base do governador Rui Costa (PT), devem apoiar Bolsonaro. Já o PSD baiano caminha para uma postura de independência em relação ao novo presidente.

Parte dos deputados já apoiava Bolsonaro antes mesmo da definição das eleições presidenciais. Um dos casos mais emblemáticos foi o do deputado federal reeleito pela Bahia João Carlos Bacelar (PR).

Na véspera do segundo turno, enquanto Rui Costa liderava uma caminhada em Salvador em prol do presidenciável petista Fernando Haddad, Bacelar estava no Rio na casa de Jair Bolsonaro.

O deputado afirma não ver constrangimento em defender governos com linhas ideológicas opostas. E diz que atuará como interlocutor entre o governador e o presidente.

"Sou 'Bolsorui'. Sempre defendi isso dentro do meu partido, não seria agora que mudaria de posição", diz Bacelar, cuja legenda comanda a Secretaria de Turismo, além de órgãos do governo baiano.

O apoio do deputado a Bolsonaro antes do resultado das urnas não foi bem recebido pelo governador, que comentou a atitude do aliado no dia da votação do segundo turno.

"Cada um vai fazendo suas escolhas na vida. Eu agradeço sempre as pessoas que tem atitudes firmes. A gente gosta e aprende a gostar de pessoas que são ponta firmes, que seguram a sua palavra em qualquer situação", afirmou.

Para o deputado federal Josias Gomes (PT-BA), que comandou a articulação política na primeira gestão de Rui Costa, a postura dúbia de alguns parlamentares não é exatamente uma novidade -parte deles já apoiou o presidente Michel Temer (MDB).

"Não terá vida fácil o deputado que votar a favor de medidas que Bolsonaro propõe e que vão de encontro a interesses do povo nordestino", diz.

Em Pernambuco, três partidos que estão na base de sustentação de Paulo Câmara (PSB) devem apoiar o governo Bolsonaro -PR, PP e Patriota. Os deputados Pastor Eurico (Patriota), Eduardo da Fonte (PP), Fernando Monteiro (PP) e Sebastião Oliveira (PR) elegeram-se na coligação Frente Popular, que englobava 12 siglas em apoio ao governador reeleito.

Eurico, que disputou a eleição na coligação de Câmara, já anunciou apoio a Bolsonaro. "Não existe contradição. Minha coligação com o governador foi para a eleição estadual. Os deputados ficaram livres no plano federal."

O parlamentar disse esperar não sofrer retaliações do governador Paulo Câmara e ameaça deixar a base do governador caso seja contestado. "Se isso ocorrer, quem vai colocar a boca no trombone sou eu. Ninguém é obrigado a integrar a base ou ser contra o presidente", disse.

A situação se repete no Ceará, Maranhão e Paraíba, estados em que até o DEM fará parte da base aliada dos governadores reeleitos Camilo Santana (PT) e Flávio Dino (PC do B) e do governador eleito João Azevedo (PSB).

O DEM caminha para ser um dos partidos próximos do novo presidente e terá o deputado federal Onyx Lorenzoni (RS) como chefe da Casa Civil.

O deputado federal Efraim Filho, do DEM da Paraíba, afirma que o apoio a Bolsonaro acontecerá por convicção e identidade com a agenda para o país. Mas diz que não será por isso que vai deixar de apoiar o PSB em seu estado, cujas gestões considera exitosas.

Ele promete servir como ponte entre o governador e o presidente e diz acreditar que a próxima legislatura será marcada por menos conflitos a despeito das diferenças ideológicas entre os grupos que apoia local e nacionalmente.

"O clima de tensionamento já atingiu seu ápice nos últimos dois anos. Agora é hora de buscar uma agenda convergente para defender os interesses do nosso estado."

Autoria: Folha Express

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