Na maioria das vezes, a opção “mais fácil” é a que dá mais dor de cabeça. No caso de um empréstimo, além da preocupação, é bom acrescentar o prejuízo à lista de desvantagens. Há alguns meses, as ruas de Salvador estão repletas de cartazes anunciando empréstimos com mil e uma “facilidades” e tempo recorde para a retirada do dinheiro. Mas como já dizia o ditado: o barato – ou o mais fácil – sai bem mais caro.
Foi o que analisou o Jornal da Metrópole, que levantou preços e taxas de juros dos empréstimos que se tornaram famosos em Salvador, principalmente após o aumento da crise financeira enfrentada pelo país.
Transação via cartão é segura para quem empresta e duvidosa para quem recebe
Quem atende o telefone informado nas propagandas é um homem, que explica como funciona o esquema: “A senhora tem de ter limite no cartão de R$ 1.399 para pegar R$ 1.000. A gente deposita o dinheiro na conta. A senhora vem, passa o cartão. Liberou, eu faço a transferência e com 2 minutos vai pra sua conta”, diz.
Mas, se a transação é segura para quem empresta, quem recebe precisa confiar num desconhecido para receber o dinheiro. Além disso, em alguns casos, o consumidor chega a pagar até R$ 1.478, quase 7,7% de juros, enquanto bancos como o Bradesco cobram 6,5% ao mês.
Prática pode se enquadrar como agiotagem e estelionato
Especialista em direito financeiro, o advogado Cândido Sá lembra que é necessária uma permissão do Banco Central para realizar empréstimos. “A atividade é normatizada. Não pode ser realizada por qualquer um, podendo ser enquadrada no crime de agiotagem. E estelionato, que se caracteriza pela má-fé para conseguir vantagens financeiras”, explica.
“Ilegal? Ilegal é o Brasil"
Tamanha facilidade também pode esconder fraudes e golpes. De acordo com o atendente de uma destas financeiras informais, o consumidor não sai do local com o dinheiro em mãos. “Eu transfiro o dinheiro. A senhora espera 40 minutos e está na sua conta”, explicou. Questionado se a negociação é ilegal, o consultor se ofendeu. “A senhora tá achando que é ilegal? Não! Não entendi nada. Ilegal é o Brasil, é fazer o que está fazendo com a gente. Se a senhora for no BMG... È legal cobrar juro de 400% ao ano?”, questionou.
Fuja do “imediato”, alerta SPC
Educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli explica que o consumidor deve procurar outras opções ao invés de recorrer a esses empréstimos duvidosos. “O grande negócio disso é a pessoa tomar consciência da razão pela qual ela chegou a esse ponto. As pessoas que chegam a essa situação acabam aceitando soluções de imediato que vão cobrar seu custo. Quanto mais imediata for a solução, mais juros vai ter”, explicou.
Autoria: Metro1